Jerónimo Nogueira nasceu em Lisboa em 1957, veio para Veiros e aqui acabou a escola primária.
Entre 1967 e 1972 frequentou a Escola Industrial de Estarreja, regressando depois a Lisboa para completar os estudos.
Em 1981 perde a vista num acidente de viação.
Casa em 1983 casa e entra para a faculdade de letras de Lisboa, da qual sai formado em 1987 no curso de Filosofia.
Em 1990 Pós-Gradua-se em Formação Educacional, iniciando a sua actividade lectiva.
Das Pedras Também Brotam Água foi a sua obra de estreia, publicada em 1995, depois reeditado com honras de lançamento na Câmara Municipal de Estarreja.
Além da sua actividade literária e filosófica vai dedicando grande atenção à actividade tifrológica, ou seja, tudo o que tem a ver com os problemas dos cegos.
Integra a Direcção Nacional da "ACAPO", Associação Nacional dos Cegos do Norte de Portugal, onde é co-responsável pelo departamento de formação profissional e cultura.
Na actividade literária seguem-se em 1997 o livro "Ares de Lume", em 1999 "Na memória moram os muito mais de mim", e por último, no ano passado publicou "O curral das bezerras", sob o pseudónimo A. Alves Godinho.
Segue-se a transcrição de um dos seus poemas dedicados à freguesia de Veiros, o qual faz parte do seu livro "Ares de Lume"
VEIROS
(com a gratidão que alegra o coração)
a Ria-de-Aveiro se estende
no sossego dos vieiros
um deles chama-se Veiros
e na memória me acende
a luz de seus luzeiros
concelhio de Estarreja
refeito muitos lugares
emigrado nos olhares
que Santa Luzia proteja
aldeia é mundo se amares
Bartolomeu na Igreja
aos pés diabo matreiro
escola Cabeças Pinheiro
no aprender se almeja
a força do padroeiro
Telhões são telhas fortes
e a casa sabe a calma
São Geraldo dá à alma
o sobreiro de seus nortes
que a fé sempre nos salva
e em alegria grada
Areia Mâmoa Madeiro
Canedo Olas e Outeiro
no zigue-zague da estrada
subi torre fui sineiro
toquei pra lá da Murtosa
talvez chegasse à Torreira
brinquei à minha maneira
a vida é tão preciosa
Santo António da Ribeira
na Carvalhosa passeio
caçando só de passagem
Fonte-de-Baixo paisagem
desejada com anseio
no candeio da viagem
na malga da nossa festa
sempre lembramos ausentes
irmãos amigos parentes
que no valor de ser gesta
nos emprestam ser contentes
desportivo e cultural
Clube compõe partitura
orquestrando o que perdura
nesse todo social
que nos agra e nos apura
enresta tuas cebolas
acautela teu celeiro
não vá inverno vezeiro
capar esperanças por tolas
sem fartura no fumeiro
bracinha é bom porfio
se entrelaça vizinho
não fiques à coca sózinho
mostra no adro teu brio
esteira de teu baínho
a Ria-de-Aveiro se estende
emigrada nos esteiros
perpetuada em Veiros
cantinho que compreende
num berço de companheiros