Freguesia de Beduído e Veiros

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Fundação da Confraria Gastronómica de Santo Amaro

segunda, 21 de janeiro

Nasceu a Confraria Gastronómica de Santo Amaro

Acaba de ser fundada a mais recente associação do concelho de Estarreja, a “Confraria Gastronómica de Santo Amaro”. Foi apresentada no dia 15 de Janeiro, data da feira anual realizada nesta localidade e da primeira acta da associação. A apresentação pública ocorreu durante um almoço de convívio no qual não faltou a carne assada à moda de Santo Amaro, onde se juntaram vários confrades fundadores e apreciadores da gastronomia local. A Confraria Gastronómica de Santo Amaro é a concretização de uma ideia que vinha sendo amadurecida há um ano, uma vez que no dia da Feira de Ano de há um ano, 15 de Janeiro de 2018, um grupo de amigos à volta da mesa colocou a hipótese de criar uma Confraria. Uma forma de salvaguardar a riqueza gastronómica e cultural ligada à Feira de Santo Amaro e ao concelho de Estarreja. Tendo chegado à conclusão que esta riqueza justificava largamente a existência de uma Confraria Gastronómica, lançaram mãos ao trabalho. Para isso foi determinante o entusiasmo e apoio do confrade José António Marques, simultaneamente Presidente da Junta de Freguesia de Beduído e Veiros, e do confrade Marco Pereira, advogado e historiador, na formalização jurídica e na justificação gastronómica, histórica e cultural.

Embora esta seja a mais recente associação do concelho de Estarreja, pretende valorizar as mais antigas tradições do mesmo concelho, em particular as que estão relacionadas com a gastronomia. Tem como lugar de referência Santo Amaro, na antiga freguesia de Beduído, e a sua feira de gado (sobretudo bovino) e mercadorias. Criada por despacho da mesa do Desembargo do Paço, datado de 23 de Dezembro de 1662, e consequente alvará de D. Afonso VI, de 20 de Janeiro de 1663, dando resposta a uma petição dos moradores de freguesia de Santiago de Beduído. Desde o início a feira realizou-se junto da capela que lhe deu o nome (que se pensa suceder a um templo anterior a 1257, pois nesse ano se menciona no mesmo local a encruziladam de Mosteiroo), fronteira à antiga estrada real que ligava Aveiro ao Porto. Viria a tornar-se a principal feira do concelho de Estarreja e uma das primeiras da sua região, com uma periodicidade primeiro mensal (dias 15 de cada mês) e desde 1901 bimensal (dias 15 e 30 de cada mês). Com o fim das feiras de gado em 1984, devido a um surto de peripneumonia no gado, passou a fazer-se apenas a Feira de Ano, a 15 de Janeiro, uma memória das grandes feiras de antigamente.

Ir à Feira de Santo Amaro, que podia ocupar todo o dia, tornou-se também sinónimo de ir provar as iguarias da região. O prato mais apetecido era a posta de vaca assada (marinhoa) à moda de Santo Amaro. Uma especialidade imperdível, pois até os que não tinham posses para a vaca assada chegavam a comprar o molho da carne metido no pão. Havia ainda outras iguarias que povoavam a feira de cheiros e paladares, entre as quais se contam o cabrito assado, a dobrada com tripa de boi e a canja de galinha, servidas nas várias tascas do recinto da feira. Como havia as fritadeiras da Murtosa, com as suas enguias fritas em molho de escabeche, a que se juntavam as solhas e as taínhas fritas. E marcavam presença as padeiras, com as padas de Pardilhó, Canelas e Ul, as regueifas doces e as carreiras feitas com a mesma massa. Nas feiras de 15 de Novembro, a chamada feira dos porcos cevados, vendiam-se os porcos que iam abastecer as salgadeiras no inverno e dar a carne para os característicos rojões doirados.